Por Fábio de Mattos
Na semana passada, minha esposa e eu fizemos uma viagem à Londrina no Paraná. Fomos rever amigos e resolver algumas questões que haviam ficado depois do nosso retorno para Santa Rosa. Em uma viagem de carro, com cerca de 14 horas de estrada, entre outras coisas Luciane leu em voz alta textos de dois sociólogos famosos: Durkein e Marx.
Para Durkein, a sociedade na qual estamos inseridos automaticamente vai nos ensinando como devemos pensar, falar e agir. Do outro lado da moeda, para Marx, é muito mais as pessoas que formam a sociedade. Apartir desses dois fundamentos sociológicos, surgiu a idéia de escrever esse texto, é claro, dando meus pitacos teológicos, mas também entendendo que a sociologia é um dos referênciais teóricos da teologia.
Os fundamentos defendidos por Durkein e Marx, me parecem como um ciclo, que vez ou outra e somente vez ou outra, é significativamente abalado, as vezes negativamente, as vezes positivamente, por pessoas fora do comum. A sociedade, ou sociedades, de maneira geral se agradam com a constância e sistematização de seus elementos sociais. Não gostamos muito de mudanças, por isso, temos a tendência de simplesmente reproduzir o que ouvimos, vemos, sentimos e aprendemos. Pessoas que propõem mudanças á sociedade, mesmo que essas sejam boas, nem sempre são vistas com bons olhos. Essas pessoas tendem a fazer alguns inimigos durante suas vidas. É parte do preço que se paga por lutar por uma sociedade mais igualitária e justa.
Quando o pastor e ativista político Martin Luter King Jr. propos a igualdade racial nos EUA, ganhou o prêmio Nobel da Paz, mas também foi perseguido e assassinado aos 39 anos de idade. Quando Lutero propos a reforma da Igreja Católica Romana foi perseguido e expulso. Quando se propos o fim da ditadura militar no Brasil, pessoas foram torturadas e mortas. Quando Jesus veio e denunciou a injustiça e propos o amor fraternal e fazer o bem, foi cruscificado. Mas eis aí um que não pôde ser detido!
Ele foi um rabino no judaismo, mas não um rabino qualquer. Ele foi um rabino radical. Radical não somente por suas atitudes fora do comum, mas também por seus posicionamentos teológicos. Jesus não negociou seus valores e princípios. Ele escolheu para serem seus discípulos aqueles que ninguém havia escolhido. Segundo o pastor Rob Bell, Jesus chamou os que não haviam passado no crivo da escola judaica. Para Bell, os discípulos de Jesus foram considerados desqualificados para seguirem a carreira religiosa, por isso a pressa em seguirem Jesus, quando este os chamou. Esse era o sonho de todo garoto judeu, ser discipulado aos pés de um grande mestre da Lei, assim como Paulo fora por Gamaliel.
Jesus não era um rabino comum, Jesus veio propor mudanças. Quando ele toca aquele leproso (Marcos 1:40-41), quando ele perdoa aquela mulher (João 8: 1-11), quando ele alimenta a esperança do ladrão (Lucas 23:39-43), é como se Jesus estivesse proferindo um discurso poderoso e apaixonado à sociedade da época, dizendo que ele veio escolher e não rejeitar, socorrer e não julgar. Esse “discurso” atravessou a história e rompeu fronteiras culturais, hoje ele sussurra nos nossos ouvidos, como um chamado para seguirmos o pó que as sandálias do Mestre Jesus levantam.
Abração à todos.
(Fábio é pastor do Espaço Nova Geração e estudante de teologia)
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