terça-feira, 29 de novembro de 2011

BATE PAPO COM JT DO METAL NOBRE

Por Fábio de Mattos


Nessa segunda-feira, dia 28 de novembro, em meio aos últimos acertos para a IV Oficina de Rock Gospel, eu troquei uma idéia por telefone e por e-mail com JT. Em uma breve conversa, o vocalista da banda do Distrito Federal, falou sobre música cristã, vida com Deus e problemas sociais. Confira: 

Fábio - Vamos falar primeiro um pouco sobre história. Como que você JT, vocalista de uma das bandas cristãs, que na opinião de muitos, é uma das melhores e maiores do Brasil, vê a caminhada através dos anos do rock no meio cristão brasileiro?

JT - O rock tem tido mais espaço na mídia nacional, porém, na hora de realizar os eventos, muitos líderes ainda tem muito preconceito em contratar bandas nesse estilo musical. O que posso dizer é que ainda temos uma longa caminhada pela frente, até chegarmos ao dia em que serão contratadas as bandas pela vida em Cristo e não pelo estilo musical.

Fábio - Hoje, depois de anos de caminhada, qual é o sentimento que aflora quando você pensa e reflete sobre a história do Metal Nobre?

JT - Sangue, suor e lágrimas, porém muitas foram as vitórias.

Fábio - Você ainda enxerga como “tabu”, falar de rock’n roll com crentes ou em igrejas brasileiras?

JT - Não. O que vejo é um medo de dar espaço para um estilo que é diferente.

Fábio - Gostaria que você nos dissesse como o Metal Nobre vê a missão de Deus e como ele se vê nessa missão?

JT - Nós vemos a missão como algo prazeroso, onde a vitória é certa e somos apenas um vaso nas mãos do oleiro.

Fábio - Hoje temos muitos problemas sociais no Brasil, dois deles tem como alvo principal jovens e adolescentes: drogas e violência. Gostaria que você deixasse aqui uma mensagem para essa geração, ou para essas novas gerações, que estão aí tão vulneráveis a esses problemas.

JT - Qualquer coisa que eu diga sobre esses assuntos, certamente já foi dito por alguém, mas o que realmente importa e faz a diferença é o amor de Jesus. Sem esse amor em nossas vidas, estaremos vulneráveis a qualquer tipo de mal que assola este mundo. Se alguém quiser ficar livre desses e de outros males, que busque em Jesus Cristo, pois a solução só se encontra nEle.

Fábio - Para terminarmos, como está a agenda do Metal Nobre?

JT - Estamos preparando uma tour para 2012, onde apresentaremos o novo DVD e também estaremos completando 15 anos de estrada. Para comemorar, queremos realizar um grande show, onde pretendemos gravar um DVD inédito. Aguardem!

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

PIERCINGS, EVANGELHO E CULTURA.

Por Sandro Baggio
  
Piercings estão cada vez mais comuns em nossos dias. Algo que há menos uma década era olhado com reprovação e preconceito, é hoje visto em homens, mulheres, jovens e até crianças. Se a sociedade parece estar aceitando esses adereços cada vez com mais naturalidade, os cristãos parecem confusos a respeito. Afinal de contas, a questão da aparência ainda é assunto de grande discussão e controvérsia em muitos círculos evangélicos. A primeira coisa que precisamos ter em mente quando o assunto é aparência pessoal, é que se trata de algo que muda com o tempo e com o lugar. Usos e costumes estão diretamente ligados à cultura.

Basicamente uma cultura é formada por três elementos: cosmovisão (a maneira como um povo vê o mundo), sistema de valores (o que é importante para aquele povo) e normas de conduta (o modo como um povo se comporta, e isso dizem respeito tanto à vestimenta, como ao modo de se relacionar com os outros, etc.). Culturas são diferentes de acordo com sua cosmovisão, valores e normas de conduta. Arrotar em público após uma refeição é totalmente aceitável (e até louvável) em certas culturas, e repugnante em outras. Uma mulher com os seios à mostra é normal em muitos países da África (onde a mesma mulher não pode exibir as pernas acima do tornozelo) enquanto que o mesmo é obsceno em outras partes do mundo. Beijar na boca em público é normal aqui no Brasil, mas pode levar alguém à cadeia em certos países islâmicos. Nestes mesmos países islâmicos, um homem não pode andar de mãos dadas com sua esposa, mas pode andar de mãos dadas com outro homem. No Ocidente tal prática evoca idéias de homossexualismo. E por aí vai. Todas essas coisas são formas de expressão cultural. 

Podem ser um insulto ou algo escandaloso para os de fora (que não fazem parte da cultura), mas não são necessariamente erradas para quem é daquela cultura. O fato é que nenhuma cultura é totalmente igual à outra e nenhuma cultura está acima da outra. João viu no céu povos de todas as tribos, raças, línguas e nações (grupos étnicos). Todas as culturas possuem elementos que precisam ser valorizados e outros que precisam ser transformados pelo Evangelho. Sendo a aparência pessoal é uma questão de expressão cultural, esta aparência também muda de acordo com a cultura. Pinturas na face e no corpo estão presentes em diversas culturas. Na Polinésia, os nativos usam a tatuagem para escrever sua história familiar no corpo. A tatuagem e o piercing no umbigo eram comuns no Antigo Egito. Alguns povos usam piercing, brincos e outras formas de alteração do corpo (body modification ou simplesmente bodymodi).

O problema é que o mundo está ficando pequeno. Estamos nos tornando cada vez mais uma aldeia global. Esta globalização faz com que certos costumes que antes só eram vistos em algumas culturas isoladas e lugares remotos da terra, comecem a se tornar moda em todo o mundo. A tatuagem de henna é um exemplo recente desta realidade. E quem são os responsáveis pelo lançamento da moda em nosso mundo? Os meios de comunicação em massa, que muitas vezes mostram artistas, músicos e cantores usando determinada roupa, adereço, estilos diferentes muitas vezes copiados por nós, ou porque nãodizer,copiadosdenós.Istomesmo! Citando dois exemplo: Os Rapper’s americanos não inventaram um estilo de roupa e ornamentos, eles já existiam, porém foram popularizados pela mídia. A popularização de alguns costumes orientais no Ocidente teve forte influência dos Beatles, quando estavam em sua fase “Flower and Power”. Muitas das batas, camisões e pantalonas que vemos hoje em nossas ruas, praças, e até na igreja, foram uma influência direta da que é chamada a “maior banda de todos os tempos”, porém, são “politicamente aceitas” por muitas de nossas lideranças.



A popularização do piercing foi em 1993 com o vídeo clipe "Cryin", do Aerosmith, onde Alicia Silverstone apareceu com um piercing no umbigo. Uma banda de rock, uma balada romântica, uma jovem atriz linda. Elementos essenciais para fazer a moda pop ou cultura pop, que nada mais é do que uma mistura de culturas e costumes do mundo pós-moderno. Leornard Sweet, professor metodista e um dos mais interessantes pensadores cristãos de nossa época, comenta sobre tatuagens e piercings em seu e-book recente "The Dawn Mistaken For Dusk". Ele diz que, a razão pela qual "body modi" é o assunto nº.1 nas listas de discussões e bate-papos de jovens cristãos com menos de 30 anos nos EUA, é pelo fato disto fazer parte da cultura jovem pós-moderna atual (e quase global), uma cultura onde a imagem é altamente valorizada.

A ironia disso tudo é que cirurgias plásticas e implante de silicone são coisas cada vez mais aceitas pelos cristãos modernos. Tem personalidades famosas do mundo evangélico brasileiro com o corpo siliconado. Todavia, como diz Sweet, "Cirurgia plástica é uma forma severa de alteração do corpo. Isto é aceito, mas brincos e tatuagens, não são?”. Na Bíblia lemos à história de Isaque que deu a Rebeca uma argola de seis gramas de ouro para ser colocada no nariz (piercing) e, após fazer isto, ajoelhou-se para adorar a Deus. Penso que se o primeiro ato fosse pecado ou considerado pagão, então Isaque não teria adorado a Deus em seguida.

No livro de Êxodo, percebemos que as mulheres dos hebreus usavam brincos e argolas, os quais foram oferecidos como oferta dedicada ao Senhor para a construção do Tabernáculo. Novamente, não penso que Deus aceitaria de seu povo ofertas que representassem costumes pagãos. O texto mais intrigante para mim se encontra em Ez 16.11-12: “Também te adornei com enfeites, e te pus braceletes nas mãos e colar à roda do teu pescoço. Coloquei-te um pendente no nariz, arrecadas nas orelhas, e linda coroa na cabeça” (ARA), onde o próprio Deus diz que adornou Jerusalém com jóias, pulseiras, colares, argolas para o nariz e brincos para as orelhas. Ao que parece, tais adornos não eram uma ofensa ao Senhor.

Uma vez que a Bíblia parece não condenar o uso de piercing, por que deveríamos nós? Nosso desafio não é condenar, mas orientar as pessoas (principalmente os jovens) para os riscos que existem em fazer estas coisas sem uma orientação profissional e cuidados de higiene e saúde. A pessoa está consciente dos riscos de inflamação, doenças contagiosas e "efeitos colaterais" diante da sociedade? Está consciente de que algumas alterações são irreversíveis e, mesmo diante da possibilidade de reversão, podem deixar marcas para o resto da vida? Mais ainda, precisamos falar sobre questões de identidade, valor pessoal e auto-imagem. Pois são estas as questões mais importantes para quem está considerando qualquer forma de alteração do corpo, seja uma plástica no nariz, implantar silicone, colocar um piercing ou fazer uma tatuagem.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

MÚSICA CRISTÃ: SEM COMPROMISSO NÃO DÁ!

Por Fábio de Mattos

 
Em 2005 conheci uma gurizada de Getúlio Vargas, aqui do interior do Rio Grande do Sul através do Ageu, um amigo que conheci em São Paulo na Escola de Missões. Essa galera na época tocava em uma banda chamada GERAVIDA (iniciais de Geno, Rafael, Vinícios e Daniel). Quando surgiu a idéia da I Oficina de Rock Gospel em 2006, não pensei duas vezes, logo convidei a GERAVIDA para tocar aqui em Santa Rosa.

A gurizada desembarcou aqui com uma galera. Vieram em um ônibus lotado e participaram daquela festa que até hoje é muito viva em minha memória. Depois o Valdecir organizou aqui a II e III Oficinas de Rock Gospel e a Arsenal 61 (novo nome da banda) esteve novamente em Santa Rosa.

No dia 03 de dezembro desse ano vai rolar a IV Oficina de Rock Gospel e a Arsenal 61 estará mais uma vez com a gente. Porém agora essa galera está vivendo um momento diferente, acabaram de gravar seu primeiro cd e estão com o gás todo, começando uma caminhada árdua, a caminhada das bandas que sonham em viver do seu som.

Estou aqui citando a Arsenal 61, pois conheço essa gurizada. Eles não tocam metal cristão porque são filhos de pastores ou porque nasceram em igrejas ou ainda porque querem ganhar grana no “nicho crente do mercado musical”. Conheço eles o suficiente para dizer que tocam um som pesado com letras cristãs porque eles tem compromisso. Compromisso com o rock’n roll, com as pessoas, compromisso com eles mesmos e com seus projetos e principalmente, compromisso com Deus.

No Espaço Nova Geração temos a graça de termos alguns talentos na área musical. Alguns mais lapidados do que outros, mas talentos reais. Porém um toque que sempre dou pra nossa galera, é que a questão primordial na vida daqueles que querem se tornar profissionais da música, não é o talento. Ele sem dúvida é essencial e indispensável, mas o ponto que realmente será o grande crivo na vida de quem sonha em viver da sua música, será o compromisso. 

É ele que vai dizer quem você será, pois o compromisso vai além da impolgação, além da euforia, além do deslumbre. Ele faz com que reconheçamos nossas fraquezas e com que conheçamos a nós mesmos. O compromisso faz com que saibamos quem é Cristo em nossas vidas e quem é o nosso próximo. O compromisso não depende de reconhecimento, de grana, de status, somente depende da paixão que temos pela causa em que dizemos acreditar.

Gostaria ainda de citar mais uma banda, que também estará com a gente dia 03. A banda Xaris toca um rock’n roll mais clássico e menos pesado do que a Arsenal 61, mas eles tem algumas coisas em comum, a paixão pela música, o compromisso com as pessoas e com Deus. Há alguns dias em um evento, a banda Xaris entrou no palco com quase duas horas de atraso (por falha na organização do evento). 

Uma amiga que trabalhava no evento me disse que foi dada a opção deles não tocarem mais naquela noite, pois a hora estava avançada e o público já estava bem escasso. Mas a galera da Xaris foi lá e mandou ver. Tocou por cerca de 40 minutos para umas 30 ou 40 pessoas e em um cover do Metal Nobre as lágrimas correram pelo meu rosto. Foi o suficiente para a idéia de escrever esse texto surgir em minha mente.

Para terminar, quero dizer que todos nós fazemos parte do sacerdócio universal herdado de Jesus, o Cristo, que é sacerdote pela ordem de Melquesedeque e não de Levi. Além do mais, os levitas não eram todos músicos e em Cristo o sacerdócio levítico “caducou”. A música não é especialmente diferente de outros dons e talentos dados por Deus a seu povo. Aí está um ponto que considero essencial para um músico cristão ser bem sucedido (nos padrões de Deus): ser humilde e não se considerar “especial” nunca.

Grande abraço.


 Obs.: O livro cuja capa está ilustrando o texto vale a pena ser lido por todos que levam a música cristã a sério.
(Fábio é pastor do Espaço Nova Geração e estudante de Teologia)