quarta-feira, 29 de agosto de 2012

NOVO NASCIMENTO

Por Nauro César de Azambuja
Necessário vos é nascer de novo!
Disse Jesus Cristo a Nicodemus, chefe do Sinédrio em Jerusalém. Homem de profundo conhecimento bíblico (Escrituras hebraicas). Nicodemus não entendeu a mensagem do Mestre. Oquê é o “novo nascimento”? Certamente tem a ver com o espírito, com o interior do ser humano. Não só o cristianismo fala do novo nascimento, também o budismo, o bramanismo e o hinduísmo.

No cristianismo, especialmente nas cartas do Apóstolo Paulo compreende-se melhor o que vem a ser o novo nascimento. Todo o nosso ser está direcionado para relacionar-se com o mundo externo. Através dos sentidos, da mente, estamos constantemente ligados aos acontecimentos ao nosso redor. Passamos a vida rotineiramente, fazendo coisas, resolvendo problemas, criando problemas, trabalhando, amando, pensando, comprando, consumindo. Mas dentro de nós algo reclama, grita e nos alerta: por favor, pare um pouco!

A vida é mais do que isto, eu sou mais do que isto, o outro é mais do que eu percebo nele. Eu preciso me encontrar comigo mesmo de vez em quando. Eu preciso encontrar uma explicação, um sentido para o meu viver. Nascer de novo quer dizer nascer para uma nova realidade. Uma realidade maior, mais plena, abrangente. Quê realidade é esta? Uma resposta definitiva é impossível. Uma resposta universal é absurda. Todavia, o caminho se faz caminhando: eu preciso buscá-la.

 

Eu preciso ver a vida além daquilo que meus olhos podem ver. Eu preciso crer que há realidades imateriais tão factuais quanto qualquer fato material. Se não for assim, seria frustrante que tudo não passasse de números, cálculos, perder e ganhar e apenas isto. Como ver a realidade de maneira diferente se nada parece mudar? Este é o grande desafio. Analogamente, é comparável a um parto. O parto precede o nascimento, e ele costuma ser acompanhado pela dor. O caminho da ressurreição passou, necessariamente, pelo Calvário, pela cruz. Todavia, a mudança que eu quero ver, passa primeiramente por mim mesmo. É mais fácil mudar a mim mesmo, pois sobre mim tenho controle, do que querer mudar as pessoas ou as coisas sobre as quais não tenho controle.

Eu estou empenhando-me naquilo que quero mudar em mim mesmo? Que mudanças já realizei? Quais ainda quero realizar? Uma coisa sei: não vou olhar as pessoas, as coisas, os problemas e só ver negatividade, frustração, morte, violência, estagnação. Eu vou, sim, crer na mudança, crer que eu posso ser melhor, que a vida é dura pra quem é mole, que há saídas, que há luz no fim do túnel. Gostem ou não, eu vou seguir para frente e para o alto, se a vida me disser “não” é porque ela espera que eu diga “sim” e, se eu receber um limão, farei uma limonada.

Nauro é funcionário público, graduado em Filosofia e membro do Espaço Nova Geração.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

TRÊS SINAIS DE UMA FÉ CRISTOCÊNTRICA

Mensagem que preguei na Comunidade Refúgio em Cambé/Londrina no dia 12 de agosto. Realmente me sinto em casa nesse lugar que tanto me abençoou e ainda me abençoa. Aumenta o volume (está um pouco baixo no início) e curte:

Por Fábio de Mattos




quinta-feira, 2 de agosto de 2012

TEOLOGIA A PARTIR DA QUADRA DE BASQUETE



Gosto de reler estes textos mais “antigos”. Aí está um escrito a mais de um ano. A quadra de basquete se tornou as vielas das vilas e as salas de aula das escolas.


 Por Fábio de Mattos

Minha esposa e eu estamos novamente em nossa cidade natal. Santa Rosa, no Rio Grande do Sul não é nenhuma metrópole, porém é uma cidade pólo regional, industrializada e bem movimentada (para uma cidade de 70.000 habitantes). Estamos aqui, pois em abril estaremos de mudança para cá e viemos organizar algumas pendências.

Um dos motivos para esse retorno depois de cerca de cinco anos fora é que vou pastorear uma comunidade cristã. Luciane e eu também vamos nos engajar em um projeto social, que já está em andamento, mas agora vamos conseguir estruturar melhor alguns pontos.


 Essa comunidade surgiu da necessidade de se pastorear e comunicar o Evangelho a jovens que fazem parte dos movimentos de contracultura de Santa Rosa. Aos poucos eles foram juntos vivenciando o cristianismo, até que se decidiu constituir uma comunidade cristã. Boa parte dessa galera nós já conhecíamos, mas outros não.

 Hoje, depois do estudo bíblico que ministrei para cerca de dez pessoas, fomos bater uma bolinha na quadra de basquete em uma das praças do centro da cidade. Foi a segunda vez em uma semana e já percebi que esse ali será um dos meus locais para se fazer teologia por aqui.


Creio que a teologia precisa ser feita a partir do contexto social de cada comunidade local, pois penso que somente assim seremos relevantes às vidas das pessoas. O Evangelho é uma mensagem para a vida, portanto fazer teologia, para mim, é algo extremamente relacionado à prática cristã, e não somente à filosofia.

Quando falo em “fazer teologia”, me refiro a prática teológica a partir de um determinado contexto, como um esforço em oferecer respostas para suas inquietações e conflitos. Ali na quadra de basquete percebo o quanto Deus é simples. Ali na quadra de basquete, consigo sentir, talvez um pouco, o que Paulo Freire quis dizer quando disse: “Eu encontrei a Cristo nas esquinas das favelas!”.

Abração.