quinta-feira, 30 de junho de 2011

AOS MENTORES DA MINHA VIDA

Por Fábio de Mattos

Durante as nossas vidas cada um é influenciado por várias pessoas. Algumas conhecemos pelo que escreveram, outras pelo que viveram e a maioria são pessoas com as quais temos contato. De alguma forma essas pessoas contribuiram e contribuem para a formação do que cada um é ou será. As pessoas que tiveram e tem essa importância em minha vida são muitas, algumas delas já morreram, outras nem conheci pessoalmente, outras são conhecidas no mundo todo, mas o que elas escreveram e falaram me ajudaram a ser quem sou hoje. Pessoalmente eu as chamo de mentores, pois é isso que elas são para mim.

A maioria dessas pessoas que me influenciaram ou influenciam eu tive a graça de conhecer e também de conviver com elas. Algumas são meus amigos, daqueles nos quais se pode realmente confiar. Gostaria de fazer uma simples, porém sincera homenagem a algumas dessas pessoas. Possivelmente você se identifique, e quem sabe até se inspire a honrar as pessoas que te influenciaram para ser quem você é hoje. Essa é a forma que tenho para compartilhar seus nomes e o que provavelmente de mais importante aprendi com cada uma delas.

Com meu pai, Seu Alcindo, descobri que vale a pena ter caráter e que as vezes é necessário se arrepender para que se possa recomeçar. Ele também, ainda hoje me ensina a sempre estar disposto.

Com minha mãe, Dona Rosina, entendi que nunca se é tarde para começar a realizar um sonho, e que educar, significa também dizer “não”. Aí está uma mulher que nunca se cansa de acordar cedo.

Com minha esposa, Luciane, aprendi verdadeiramente a amar. Ela me conhece como ninguém, mesmo assim me ama e a 11 anos me suporta, definitivamente, com ela também aprendi a ser mais paciente (ainda estou me esforçando). É ela que até hoje me ensina a entender melhor as pessoas e a ser mais tolerante. Luciane também foi uma das pessoas que me evangelizaram, juntamente com nossa amiga Carine (como posso não mencionar isso!).

Com meu amigo, Pastor Márcio Carvalho (Coyote) compreendi que vale a pena fazer o bem e que as vezes, quem você ajudou vai te “sacanear”. Aprendi que se Deus te deu uma visão, vale a pena viver por ela, e que a verdadeira unção é o serviço.

Com Alessandra da Silva Bernardes descobri que Deus é mais profundo do que eu imaginava. Provavelmente nunca ouvi alguém falar sobre Cristo de maneira tão apaixonada e profunda.

Com meus amigos, Anderson Dias, Guilherme La Serra e Fábio Chalela, aprendi que vale a pena matar algumas aulas de teologia na sala de aula para fazermos teologia no bar do posto de combustíveis. Com eles também aprendi que a teologia cristã pode ser o mais poderoso instrumento de libertação intelectual.

Com os pastores Sandro Baggio e Fábio Carvalho (esse último não conheci em vida, mas vi suas obras), entendi que ser pastor não é ter um título que precede o nome, e que uma igreja pode ser culturalmente alternativa sem ser teologicamente liberal (tive trabalho para escolher esses dois termos).

C.S. Lewis me mostrou que razão e fé não necessáriamente andam em direções opostas e que o cristianismo pode realmente ser algo simples.

Martin Luter King Júnior e Dietrich Bonhoeffer me ensinaram que vale a pena lutar em favor da justiça e da verdade.

Esses não são os nomes das únicas pessoas que influenciaram positivamente minha vida, mas sim os nomes das pessoas que provavelmente mais me influenciaram. Com este texto quero honrar essas pessoas e dizer que somente uma pessoa me influenciou mais e melhor do que elas. Essa pessoa é o cara, e estou falando sério, não é só papo de crente. Ele é Jesus, e para finalizar vou deixar um versículo que fala muito comigo.

“Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém.” Romanos 11:36

Fábio é pastor do Espaço Nova Geração e estudante de teologia.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

QUANDO OS FARISEUS VÊM À IGREJA


      Por Anderson Dias
          
     O farisaísmo apareceu pela primeira vez nos pergaminhos da história judaica mais de um século antes do nascimento de Jesus. Ao pesquisar sobre esse seleto grupo dos dias de Jesus descobri que eram homens sinceros cujo único desejo era, originalmente, o de agradar a Deus. A obediência a lei era o centro de sua doutrina, pois criam que desta forma ganhariam o favor de Deus evitando o seu julgamento.

    Porém pela época da vinda de Jesus, a seita dos fariseus havia deixado pra traz suas origens humildes, e se tornou uma força que unia os poderes políticos e religiosos. Elaboraram um sistema religioso que definia para cada judeu o que significava ser verdadeiramente espiritual.
     
      Pois bem, o que mais me chama à atenção é a semelhança desta seita com muitas igrejas evangélicas hoje, seus credos e dogmas não diferem muito de algumas igrejas hodiernas. Os fariseus acreditavam, por exemplo, na autoridade das escrituras e na importância da memorização de passagens. Eles davam o dizimo rigorosamente e criam nos elementos sobrenaturais da fé como a ressurreição dos mortos e a expulsão de demônios, também acreditavam que, a santidade exterior e interior era uma forma de “separa los” do resto do mundo.  Os fariseus eram geralmente conhecidos como homens sem misericórdia, que podiam influenciar os poderes governantes para condenar quem quisesse ( assim fizeram com Jesus).  Infelizmente eles nunca se deram conta que sua religiosidade se opunha ao Deus que eles tentavam honrar.

     O espírito do farisaísmo ainda vive no cristianismo de hoje.  Quando a religiosidade oprime e obriga as pessoas a trilharem o caminho de um cristianismo baseado no desempenho, perde-se de vista a graça de Deus, e sem essa graça se satisfazem em fazer com que outros se encaixem nos seus rígidos padrões de espiritualidade.

     Diga não ao farisaísmo, e sim a graça libertadora de Jesus Cristo!

     Anderson é presbítero da Assembléia de Deus em Cambé-PR e estudante de Teologia.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O RABINO RADICAL

Por Fábio de Mattos

Na semana passada, minha esposa e eu fizemos uma viagem  à Londrina no Paraná. Fomos rever amigos e resolver algumas questões que haviam ficado depois do nosso retorno para Santa Rosa. Em uma viagem de carro, com cerca de 14 horas de estrada, entre outras coisas Luciane leu em voz alta textos de dois sociólogos famosos: Durkein e Marx.

Para Durkein, a sociedade na qual estamos inseridos automaticamente vai nos ensinando como devemos pensar, falar e agir. Do outro lado da moeda, para Marx, é muito mais as pessoas que formam a sociedade. Apartir desses dois fundamentos sociológicos, surgiu a idéia de escrever esse texto, é claro, dando meus pitacos teológicos, mas também entendendo que a sociologia é um dos referênciais teóricos da teologia.

Os fundamentos defendidos por Durkein e Marx, me parecem como um ciclo, que vez ou outra e somente vez ou outra, é significativamente abalado, as vezes negativamente, as vezes positivamente, por pessoas fora do comum. A sociedade, ou sociedades, de maneira geral se agradam com a constância e sistematização de seus elementos sociais. Não gostamos muito de mudanças, por isso, temos a tendência de simplesmente reproduzir o que ouvimos, vemos, sentimos e aprendemos. Pessoas que propõem mudanças á sociedade, mesmo que essas sejam boas, nem sempre são vistas com bons olhos. Essas pessoas tendem a fazer alguns inimigos durante suas vidas. É parte do preço que se paga por lutar por uma sociedade mais igualitária e justa.

Quando o pastor e ativista político Martin Luter King Jr. propos a igualdade racial nos EUA, ganhou o prêmio Nobel da Paz, mas também foi perseguido e assassinado aos 39 anos de idade. Quando Lutero propos a reforma da Igreja Católica Romana foi perseguido e expulso. Quando se propos o fim da ditadura militar no Brasil, pessoas foram torturadas e mortas. Quando Jesus veio e denunciou a injustiça e propos o amor fraternal e fazer o bem, foi cruscificado. Mas eis aí um que não pôde ser detido!

Ele foi um rabino no judaismo, mas não um rabino qualquer. Ele foi um rabino radical. Radical não somente por suas atitudes fora do comum, mas também por seus posicionamentos teológicos. Jesus não negociou seus valores e princípios. Ele escolheu para serem seus discípulos aqueles que ninguém havia escolhido. Segundo o pastor Rob Bell, Jesus chamou os que não haviam passado no crivo da escola judaica. Para Bell, os discípulos de Jesus foram considerados desqualificados para seguirem a carreira religiosa, por isso a pressa em seguirem Jesus, quando este os chamou. Esse era o sonho de todo garoto judeu, ser discipulado aos pés de um grande mestre da Lei, assim como Paulo fora por Gamaliel. 

Jesus não era um rabino comum, Jesus veio propor mudanças. Quando ele toca aquele leproso (Marcos 1:40-41), quando ele perdoa aquela mulher (João 8: 1-11), quando ele alimenta a esperança do ladrão (Lucas 23:39-43), é como se Jesus estivesse proferindo um discurso poderoso e apaixonado à sociedade da época, dizendo que ele veio escolher e não rejeitar, socorrer e não julgar. Esse “discurso” atravessou a história e rompeu fronteiras culturais, hoje ele sussurra nos nossos ouvidos, como um chamado para seguirmos o pó que as sandálias do Mestre Jesus levantam.

Abração à todos.

(Fábio é pastor do Espaço Nova Geração e estudante de teologia)